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Não gosto de contar os desastres em detalhe 
mas, se quiserem, posso escrever uma lista com nomes e camas. 
Sou bem capaz de molhar o pezinho na história da barbárie, 
condecorar o medo, 
cortar-me a mão com que limpo as feridas 
de uma civilização em queda. 
Posso perfeitamente 
ir afiando o gume da esperança 
com a flor branca de um cancro. 
Sou, em definitivo, este comediante de rua 
que serve a desconhecidos, 
em copos pequenos, 
a medida certa da sua agonia. 
Descobre sonhos 
onde outros só encontram coelhos. 
Hoje, por exemplo, quando tirou as luvas, 
viu que lhe faltavam dedos. | 
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