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SUPER-REALIDADE | 
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estranho à franqueza dos teus modos, baço 
para os teus sentidos. 
Parávamos o carro num beco qualquer, 
queimávamos o rastilho das palavras 
até ao deserto onde dávamos as mãos. 
Lá fora, a realidade era o espaço inteiro 
deitado nos vidros, o mundo caído 
para dentro do silêncio. 
Gastávamos depressa o tempo, perdidos 
no nosso único mapa, 
nenhum sinal de mudança no regresso a casa. 
Rui Pires Cabral, A Super-Realidade, Lisboa, Língua Morta, 2011. | 
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Rui Pires Cabral
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