Podemos cantar uma canção os dois 
podemos cantar um canção os dois 
a valsa da matilde do waits 
a voz do vinagre onde o álcool se
transforma em som 
algures no nosso oeste 
cactos e bagaço 
o blue valentine na kentucky avenue
uma lágrima numa longa 
noite sem fim 
porque esperamos? 
não sei 
juro que não sei sentada na berma 
já tenho doses de noites a 
mais 
de esquinas e portas 
de adeus em adeus 
elas não suportam a separação 
não choram mais porque secaram 
i never talk to strangers 
o som da cidade 
fica restabelecido e já não tenho
horas 
o relógio parou 
e eu fiz um gesto obsceno 
e desapareci
Maria Sousa, in Cadernos de Poesia nº 3, Enfermaria 6,
Lisboa, 2015.
 
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