O taberneiro
Eu sou O TABERNEIRO-da-cintura-para-baixo e cara de cavalo relinchando 
aos pagodes, mijando nas traseiras de Notre Dame de Damn You, trombando 
uma defunta num sonho de luz branca. Vinde dizer-me agora que agora é 
que começa essa novíssima Volta a Portugal de que saireis 
vencedores-de-vozes-cristalinas-e-piscinas-nos-bolsos-resguardados...– 
do alto destas pirâmides, responde Napoleão, uma chuva de das Caldas vos
 contempla; e avoengos, trajando neve e medos, não hesitarão, sequer, no
 arremesso. E eis que entra um côro de gospel fumegante, ressaca bacanal
 já pronta para outra, e me embala menino-dos-ditos-saraivada-«tu sabes 
lá o que é que tás páí a dzer». «É verdade, não sei, eu sou O 
TABERNEIRO, li Stendhal, Sade, Camilo, Hugo e Zweig sentado numa pipa de
 mecha ainda acesa, pelo qu'é natural a pouca retenção; desculpem se me 
cago – almocei a correr e já bebi três litros de sobras clientelares.»
Miguel Martins, O Taberneiro, Poesia Incompleta, 2010.
 
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