sábado, 3 de setembro de 2011

Manaíra Aires


28 de Maio 00:41


As cortinas são de vento polido e ele já vai desperto dos ruídos mansos. Artifícios
condensados no que faz parte da transitoriedade de teus móbiles, a chuva
despenca pelo abrigo e os cômodos caem pela retina. O comodismo da espera
afundada no sofá, da esperança travada como o gosto adstringente de quem
espera, a áspera língua dos teus tumultos pela compressa. A febre presa nos
lençóis perturbados, o meu bado no teu dilema. De ti ficaram os poemas, a chuva e
as inundações.
A chuva está a invadir o telhado e as flores na esquina não se esquivam dos pingos
que doem na suavidade. Dorme a menina desalinhada, aquela linha etérea na
materialidade do toque escorregadio. Escorrega a chuva nos dedos da distância,
escorrega a minha esperança de olhar o teu desespero a criar mãos. Pela linha
ébria o desvario pegado no último suspiro sôfrego. Lágrima pelo frêmito da chuva
que cala na lacuna de um domingo tardio.
Um mês pelas mãos desaguando. Uma sombra para o relógio que não me pontua.
Pontuação curta defesa defesinha, eu sempre sei tudo. Mudo de gotas de sono de
interstício de sobreposição. Sobre o limite o vidrinho, um mês pela quebra irreal da
vitrine e dos clichês. Faltam os dias orgânicos de corpos inanimados, falta ânimo na
ausência, sobra latência no que concreto se quer teu dúctil.

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