quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um novo Canal


  

                                                                          

                                                

Era o Sol todo -
Lambia-lhe o sorriso,
Desenhei-a a arder em cima do muro
                        Não contei a ninguém desse incêndio

No helicóptero a caixinha de música:

Três pastorinhos lambiam-lhe as lágrimas de fogo e neve
nos seus olhos vi uma península a tremer
um pulso lácteo entrava na água,
  cor do mercúrio – cortava a vigília em duas noites
um limão – serei a tua amiga – estou atrás dos teus olhos
se vires para dentro - vê para dentro
o sumo corria pela prata: aceso âmbar, boquitas abertas
escreveu em letra redondinha: fumou o sumo, comeu as cerejas
transformou-se em neve de estrelas – encheu-me o depósito
estas sementes serão mulheres
estas sementes vão provar que os géneros mentem
península feita de um rápido desvio de olhares 

a princesa do hiper-gueto trouxe um ramo de rosas vermelhas
mas sem rosas vermelhas
– só caules verdes – e um cartão a dizer que não estava mais em Portugal
Neón girl, fui morar para dentro de ti

Lambem-lhe os veios dos olhinhos, as sombrinhas
 voam da Escócia como corvos
para cima do país que foge – atravessam a Mancha

Toquei nessa memória e fui para lá morar
Memória barco –
Joystick no lugar do leme a rasgar o mar gordo –
só o susto faz mexer os braços do capitão
Levanta o copo de Gin e pergunta ao mar?
e agora que provamos o amor quem nos guia?
E agora com os pés partidos como dança?
O mar nunca responde
do meu lugar não vi a queda
não ouvi o choro dos pólos –

A abelha rainha pousa em cima do disco que gira
As suas patinhas servem de agulha
 e a Abelha muda
Rápido para outra música – O céu é um lugar na terra contigo
Canta Lana del Rey – enquanto a abelha gira em cima do disco
não vi o teu medo, morei só dentro dele

não vi os patins ao fundo
            Passei a semana a pensar começar uma carta – Abrir um canal
                                              
Outra fêmea virá partir as asas de todas as borboletas
Partir as patinhas da Abelha DJ – ir embora desta nação
E o gramofone a girar sem que a Abelha possa agora mudar a canção
Só tocará aquela que nunca dançamos


 Nuno Brito

2 comentários:

  1. Profundamente admirada com sua poética.

    Abraços.

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  2. Muito obrigado, fico muito contente com o comentário

    Um Abraço Amigo

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