segunda-feira, 3 de junho de 2013

Thomas Mann



Quando o seu olhar tropeçou com o do rapaz, devem ter-se espressado abertamente nele a alegria, a surpresa, a admiração. Foi nesse instante que Tadzio lhe sorriu. Sorriu-lhe expressiva, confiada e acolhedoramente, com lábios que se abriam lentamente à alegria. Era esse o sorriso de Narciso ao inclinar-se sobre a água; aquele sorriso profundo, encantado, deleitável, que acompanha os braços que se estendem ao reflexo da própria beleza; um sorriso ligeiramente contraído pelo beijo impossível da sua sombra incitante, curiosa e algo atormentada, transformada e transformadora.





Thomas Mann, A Morte em Veneza.

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