XXIII. A uma cerejeira em flor
Acordar, ser na manhã de abril
a brancura desta cerejeira,
arder das folhas à raiz,
dar versos ou florir desta maneira.
Abrir os braços, acolher nos ramos
o vento, a luz, ou o quer que seja:
sentir o tempo, fibra a fibra,
a tecer o coração de uma cereja.
Eugénio de Andrade, Primeiros
Poemas, As Mãos e os Frutos, Os Amantes Sem Dinheiro, Porto, Limiar,1978.
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