Círios
Os dias do futuro estão em frente a
nós
como uma longa fila de círios
acesos.
Dourados, quentes, vivos,
pequeninos círios.
Os dias do passado ficam para trás,
uma triste fileira de apagados
círios:
ainda fumegantes os mais próximos,
os outros frios, derretidos,
recurvados.
Não quero vê-los: essa imagem
fere-me –
dói-me lembrar a luz que foi a
deles.
Olho na frente os meus círios
acesos.
Não quero voltar-me e ver, horrorizado,
quão rápida se amplia a fila
escura,
como se multiplicam os que se
apagaram.
Constantin Cavafy, 90 e mais quatro poemas, Coimbra,
Centelha, 1986.
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