sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Antoine Debargue : Fugas


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No creo en los milagros
Camino solo hacia ellos
Sobre una lluvia que no deja nada
Una pequeña tristeza viaja por mi carne
Y me arrepiento de las huellas de mis pasos
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Abro un libro, me voy a la orilla del río
Donde el azul del cielo zozobra a la deriva
Es el miedo repentino de mí mismo
Ese que paga el precio del destino
Uno por uno, en actos de amor
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No creo en los milagros
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Camino sobre magníficas calles llenas de lodo
La gente se fue, renunció a los lugares
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Basta ofrecer una vasta paz sin sangre ni corazón
Las sombras están lejos, estoy feliz por la ausencia
Me caigo y voy pasos atrás
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Mi rutina es ahora nueva
Percibo los golpes de manera diferente
Exagero mis lágrimas, vieja manía
Me hundo en el agua que me rodea,
No, todavía no creo
Ahora es fatal
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Ya no creo en los milagros.

Antoine Debargue, 
Partilhado a partir de Círculo de Poesía

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Antoine Debargue: En la calma


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Él se va, otro ocupa su lugar
 …..Y otro más…
…..Y otros más…
Sin fineza recojo una mirada
Tímida y ligera, todavía oscura.
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Él no define nada. Reconoce
Solamente.
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Un chubasco, afuera
Durante el insomnio,
Quieto, en la quietud
…..De tiempos infrecuentados
…..Tener ese algo, siempre.
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Mi vida se vuelve innegable
Despierta; desea expresarse.
Tú y yo en todos lados
En todos los ojos,
Y todos en otra parte,
¡Vayamos a donde sea después del horizonte!
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He visto todo, leído todo, nunca más
romperé con mi libertad,  mejor huir en busca
del cielo.
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…Impostora alegría
Melodía de memoria…
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Ahora, de una vez por todas

Saldré ileso de tantas noches largas.

Antoine Debargue

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

António Manuel Couto Viana. No Sossego da Hora



Vou espalhar alegria
Pelas ruas!
(Sempre este pasmo ou esta nostalgia
Nas faces imprecisas, lisas, cruas.

Bocejos largos, fundos, nos passeios;
Fúteis conversas calmas nos cafés;
Nem desesperos, nem anseios
- Corpos sepultos a milhares de pés.

Gestos lodosos, lentos, limitados:
«Custa tanto estender a mão, amigos!»
E todos os olhares estão parados
Aquém da negra estreita dos postigos.)

Vou pois, soltar no ar,
Como um balão de cor,
Esta vida que tenho para dar,
No modo simples de quem dá uma flor.

(Não há futuro que não seja hoje
Se vou a perguntar quem me responde?
Uma criança canta e o medo foge
- Jogam as sombras ao esconde-esconde.)

Olha o balão subindo!
Menino, olha o brinquedo que te dou:
Não é feio nem lindo
- É tal qual o que sou.

Leva-o pra casa preso por um fio
(Dói a excessiva fuga no espaço):
Vem encher de promessa este vazio!
Vem encher de sentido este cansaço!



António Manuel Couto Viana. 60 Anos de Poesia. Lisboa: INCM, 2004.

António Manuel Couto Viana. Pórtico


 Seja a minha poesia delicada,
Redondo afago em corpo feminino;
Grácil, viril, como uma espada;
Pura como um desejo de menino;

Em lhe bulindo o Sol, seja um brilhante;
Doce qual uma nota musical
- E que eu me espante
De tê-la assim criado natural.



 António Manuel Couto Viana. 60 Anos de Poesia. Lisboa: INCM, 2004.

Oração da Esperança

Povo das nove montanhas
Que também sois baleias
E que também sois girafas
E que também sois deserto
Enchei os vossos olhos de sol,
Porque também sois SOL

Povo das nove montanhas
Que também sois semente
E sémen
E criação
Enchei os vossos olhos de sol
Porque também sois SOL

Povo das nove montanhas
Que também sois rebanho,
E também sois serra e conjunto de limões
Enchei os vossos olhos de sol
Porque também sois SOL…

Nuno Brito.