Tríptico
I
Fosses tu um rio e eu
um seixo
lançado por mãos hábeis
para te tocar a pele
uma vez
e outra e outra e outra.
E mergulhar em ti.
II
Ponho as mãos em concha
debaixo da torneira e penso:
Como seria bom que aqui estivesses
e a abrisses.
III
Fosses tu o mar
e eu pedra que submergisse em ti
brotando anéis concêntricos de
pequenas vagas
como para te circunscrever
num abraço
inteiro.
Gonçal Mira, in Cadernos de Poesia nº 3, Enfermaria 6,
Lisboa, 2015.
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