terça-feira, 12 de maio de 2015

Maria Sousa


Podemos cantar uma canção os dois

podemos cantar um canção os dois
a valsa da matilde do waits
a voz do vinagre onde o álcool se transforma em som
algures no nosso oeste
cactos e bagaço
o blue valentine na kentucky avenue
uma lágrima numa longa
noite sem fim
porque esperamos?
não sei
juro que não sei sentada na berma
já tenho doses de noites a
mais
de esquinas e portas
de adeus em adeus
elas não suportam a separação
não choram mais porque secaram
i never talk to strangers
o som da cidade
fica restabelecido e já não tenho horas
o relógio parou
e eu fiz um gesto obsceno
e desapareci


Maria Sousa, in Cadernos de Poesia nº 3, Enfermaria 6, Lisboa, 2015.

Sem comentários:

Enviar um comentário