segunda-feira, 22 de julho de 2013

Barcos, Livros, Bicicletas


O nosso amor é belo
como as viagens de Inverno
que nunca fizemos juntos,
como os países quentes
que não visitámos.
É belo como os comboios perdidos
no último segundo,
ou as pequenas cidades portuárias
descobertas por acaso.
Belo como mapas rasgados
a que faltam as linhas das estradas secundárias,
como montanhas cobertas de nevoeiro
em dias de calor,
barcos numa baía deserta,
livros cheios de areia,
bicicletas sem travões nem destino.
Belo como o sol
que vai morrer depois de nós
daqui a cinco mil milhões de anos
e belo como o sopro selado
do coração das coisas.
É assim o nosso amor. Tão belo,
tão claro, tão puro
que, de olhos postos na noite,
chegamos a acreditar que existe.


                                                                                               Luís Filipe Parrado

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