sábado, 20 de julho de 2013

Uma Conspiração de Lábios


                                                                            A uma poeta argentina

contra a noite digo a palavra que cairá sobre
os homens de pulsos envolvidos em sangue
isto é o coração onde lhes chego pela garganta
arranco-as da terra à força bruta de braços

contra o medo chamo a mim a escuridão
para induzir suave uma ideia de céu contra 
o próprio céu agora que a figuração da noite
não cabe na forma de a dizermos rapidamente

virão em mim dançando a erudição do seu uso
com plumas e riquezas à boca da água, fugiremos
Reis da cruel justeza do silêncio tão maior
nos aterros que nos coiceiam em rituais de manada 

iremos assim cheios só de viver meditando palácios 
no momento de cair

Raquel Nobre Guerra, in Meditações sobre o Fim, Os últimos Poemas. Lisboa: Hariemuj.



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