1.
Eu, Bertolt Brecht, sou dos bosques
negros.
A minha mãe levou-me às cidades
estando ainda no seu ventre. E o
frio dos bosques
vai acompanhar-me até à morte.
2.
Na cidade de asfalto estou como em
casa. Desde
o
princípio
fui provido de todos os viáticos:
De jornais. E tabaco. E aguardente.
Desconfiado e preguiçoso, sinto-me,
no final, contente
3.
Sou amigável com a gente. Ponho
um chapéu segundo o seu costume.
Digo: são bestas com um cheiro
muito especial.
E digo: não importa, também eu sou.
4.
Pelas manhãs nos sofás vazios
sinto um par de mulheres,
despreocupado contemplo-as e
digo-lhes:
aqui têm alguém em quem podem
confiar.
5.
Ao anoitecer reúno-me com os
homens,
Todos nos tratamos de gentleman.
Eles põe os seus pés sobre as
mesas.
E dizem: As coisas vão melhorar. E
eu não pergunto: «Quando?»
(…)
Bertolt Brecht, Poesia (1918-1933).
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