Se
tivéssemos tempo de ir À China ou a Ceilão V. toparia com o mesmo fenómeno no
budismo. Dentro dessa religião foi elaborada a mais alta das metafísicas, a mais
nobre das morais: mas em todas as raças em que ele penetrou, nas bárbaras ou
nas cultas, nas hordas do Nepal ou no mandarinato chinês, ele consistiu sempre
para as multidões em ritos, cerimónias, práticas – as mais conhecidas das quais
é o «moinho de rezar». V. nunca lidou com este moinho? É lamentavelmente parecido
com o «moinho de café»: em todos os países budistas V. o verá colocado nas ruas
das cidades, nas encruzilhadas do campo, para que o devoto ao passar, dando
duas voltas à manivela, possa fazer chocalhar dentro as orações escritas e
comunicar com Buda que por esse ato de cortesia transcendente «lhe ficará grato
e lhe aumentará os seus bens».
QUEIRÓS,
Eça de (1999), A Correspondência de
Fradique Mendes, Lisboa, Livros do Brasil.
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