Há hábitos impróprios que um
convidado à mesa do meu Amo não deve contrair, sendo o catálogo que se segue
baseado nas observações que fiz daqueles que tomaram assento junto do meu Amo
durante o ano que passou:
Convidado algum se deve sentar em cima da mesa, nem de costas voltadas para ela, nem ao colo de outro comensal.
Nem deve pôr as pernas em cima da mesa.
Nem se deve sentar debaixo da mesa por qualquer tempo que seja.
Não deve pôr a cabeça em cima do prato para comer.
Não deve tirar comida do prato do vizinho, sem primeiro lhe pedir autorização.
Não deve colocar no prato do vizinho partes desagradáveis ou semimastigadas da sua própria comida, sem primeiro lhe pedir autorização.
Não deve limpar a sua faca às vestes do vizinho. Nem usar a sua faca à mesa para trinchar.
Não deve limpar à mesa as suas armas.
Não deve retirar comida da mesa, colocando-a na bolsa ou na bota para consumo ulterior.
Não deve dar dentadas nos frutos que se encontram na fruteira, voltando depois a colocá-los na mesma.
Não deve cuspir na frente do meu Amo. Nem ao seu lado.
Não deve dar beliscadelas ou palmadas ao vizinho.
Não deve emitir ruídos resfolegantes ou dar cotoveladas.
Não deve revirar os olhos ou fazer caretas assustadoras.
Não deve meter o dedo no nariz ou no ouvido durante a conversação.
Não deve fazer maquetas, nem acender fogos, nem treinar-se na arte da pantomima em cima da mesa (a menos que o meu Amo o solicite).
Não deve soltar os seus pássaros em cima da mesa.
Nem o mesmo fazer com cobras ou escaravelhos.
Não deve tanger alaúde ou qualquer outro instrumento que possa importunar o vizinho (a menos que o meu Amo o solicite).
Não deve cantar, nem fazer discursos, nem proferir impropérios, e ainda menos lançar adivinhas lascivas quando a seu lado se encontrar uma dama.
Não deve conspirar à mesa (a menos que seja com o meu Amo).
Não deve fazer propostas obscenas aos pajens do meu Amo, nem retoiçar com os corpos deles.
Nem deve pegar fogo ao vizinho enquanto se encontra à mesa.
Não deve agredir um serviçal (a menos que seja em defesa própria).
E se sentir necessidade de vomitar, que abandone a mesa.
Tal como se tiver de urinar.
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