domingo, 16 de fevereiro de 2014

António Barahona

NAUFRÁGIO

Aves mudas
com olhares secretos
para a sede da terra

Na praia
os grãos de areia em moedas
e as ondas
de mãos inquietas

Passos indecisos
na expiação de pedras
atiradas ao mar

De bruços
aos fundos do oceano
eu prisioneiro das redes
no pensamento dos peixes


SIMULACRO DE SUICÍDIO
POR SOBERBA

O mundo era estúpido demais
para a sua inteligência
- assim pensou e permaneceu calado
perante si próprio
pronto para o último acto

Cavou um abismo ao fundo da água,
calculou a distância entre o som e a sombra,
e atirou-se de pé


Doía-lhe o coração a cair de pedra

António Barahona.

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