noite
como se a luz que resta
procurasse apenas
o brilho que guardaste
no instante breve
do olhar antes do sono
e das sombras
que dançam na tua pele
noite
e nós os dois
deitados lado a lado
num retrato a preto e branco
que a cor
(fora os teus olhos quando abertos)
apenas distrai o gesto
um livro na mão direita
que a outra mão
repousa suavemente
no negro dos teus cabelos
dormes no meu colo
e o embalo
é da ponta dos meus dedos
no intervalo prolongado das páginas
por virar
Eduardo Leal, in Antologia da Cave: 25 Anos de Poesia no
Pinguim Café, Apuro, Porto, 2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário