domingo, 16 de fevereiro de 2014

Manuel Maria Barbosa du Bocage: Soneto da Cópula Canina

Quando no estado natural vivia
Metida pelo mato a espécie humana,
Ai da gentil menina desumana,
Que à força a greta virginal abria!

Entrou o estado social um dia;
Mandou a lei que o irmão não foda a mana,
É crime até chuchar uma sacana,
E pesa a excomunhão na sodomia;

Quanto, lascivos cães, sois mais ditosos!
Se na igreja gostais de uma cachorra,
Lá mesmo, perante o altar, fodeis gostosos;

Enquanto a linda moça, feita zorra, 
Voltando a custo os olhos voluptuosos
Põe num altar a vista, a ideia em porra.

Manuel Maria Barbosa do Bocage, Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas, (1854). Obra póstuma.

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