sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Eduardo Guimaraens. Folhas Mortas


Dêste relogio belga, enorme, branco e triste,
tombam as horas como folhas mortas.
Por uma tarde outomnal, triste de spleen e folhas mortas:
Em cada vaso negro ha um lirio nobre e triste.

Em cada vaso negro ha um lirio nobre e triste e as horas tombam como folhas mortas.
Porque não nasci eu um lirio nobre e triste, pétala sem perfume entre essas folhas
mortas?

Um Versalhes fulgura em cada illusão triste, um Versalhes de outomno atapetado de
folhas mortas! Em cada vaso negro ha um lirio nobre e triste e as horas tombam como
folhas mortas…


Eduardo Guimaraens, in Revista Orpheu nº 2, Lisboa, 1915.

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