(...)
2. Luís Miguel Nava
Um cheiro forte a carne nasce
Nos lábios,
Contorna a voz viril da inocência
(«Como te chamas?»)
E repete a fortuna do ar
Na dormência do tacto.
(«tenho o dobro da idade
Das tuas mãos em mim»)
A ternura é quase tudo,
É uma roda a moer com o vento
Que nos assusta.
A ponta dos dedos
Torna-se estrangeira numa boca
Próxima do sexo onde tudo é branco,
Lugares de vidro e de ossos vazios,
Estéreis e sem segredos
irredutíveis.
(«O que é a culpa
Se não a falta de chão»)
Rui Almeida, in Meditações sobre o Fim: Os últimos poemas, Lisboa, Hariemuj, 2012.
Grande poema, ternura quase tudo.
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