sábado, 17 de agosto de 2013

Antônio LaCarne: Studio Baby

aí eu não quis envelhecer mais alguns anos,
nem contemplar a mesma fuga (válvula de escape),
pequena dose de amor que você deixou secar ao sol por culpa de algum erro, noitada, drogas, lance obscuro, carinha de anjo suspenso,
é que você trancou as portas e eu me cansei do mundinho
como no filme em que a balzaquiana quis desistir de tudo enquanto lavava os pratos, molhava as plantas, caía adormecida no sofá,
faltaram plumas, mistérios,
organização das roupas íntimas, ressaca ao entardecer, relações cortadas,
o vento numa desarmonia que desajustou a cabeça, os cachos,
o filme noir,
whitman whitman whitman que me deixa mais louco na transversal,
o ódio platônico,
o jeans que tem caída melhor nele do que em mim,
grana guardada no bolso, a reação íntima, intimidade procrastinada,
sexo entre cavalos do mesmo naipe e eu ainda preciso muito que você seja
uma pessoa sozinha,
relevante no mundo,
deixando alguma história após a morte,
caindo de quatro enquanto é tempo, forçando a barra,
pois a gente nunca consegue se libertar de uma determinada pessoa,
a pessoa em questão,
você sabe o nome e pensa e vive quase eternamente,
pois o mundo é nosso pequeno segredo filho da puta,
sexo monocromático que não teve estampas,
apenas lantejoulas.
                                                                                Antônio LaCarne, 


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