Estou demasiado perto
das coisas que não existem.
Devoro os meus animais
e dou ar ao mundo,
com um dos seus cantores
fascinados.
Sobre o que dissemos ontem, os
dentes mais felizes.
E misteriosamente os braços são lindos.
Imaginam o que comiam se eu fosse
uma criança perfeita,
e têm pelos repetidamente fáceis de
pensar.
Mas os outros já não existem na
morte.
Tento acender outras imagens
devoradas pelo tempo.
e sei que é por tua causa
que esta noite existe e se repete
a vida inteira.
Joaquim Cardoso Dias, in Meditações sobre o Fim: os últimos poemas,
Lisboa, Hariemuj, 2012. (p. 116).
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