sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Luís Miguel Queirós: Alarmes

não desenroles tanto a noite
em tua pele, não equipares ao corpo
o tropel das palavras
na toalha. não encalhes em mim
tanta beleza. aperta
a blusa, recolhe do meu rosto
os teus olhares, alguma lágrima
brilhando sobre a mesa.

sossega. é cedo ainda
para o deserto trepidante
do desejo, não julgues saber já
que desenlaces o meu corpo procura
sobre o teu. nem eu te ofereço
o armadilhado morango
do amor. Apenas peço
que adormeças,
que dês lugar na cama
ao meu fantasma.

coloca o coração
numa órbitra prudente. Talvez não tarde
o tempo,
o lugar onde eu te diga
as palavras que desligam
os alarmes que instalei
em toda a alma.

Luís Miguel Queirós, in Antologia da Cave: 25 anos de Poesia no Pinguim Café, Porto, Apuro, 2013.

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