terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O Desenhador de Sòis


II.

De tudo que eu digo retém a espuma de certas palavras quando chegam
a ti, vê-as misturarem-se umas nas outras, dissolverem-se numa Água Maior,
De tudo o que eu digo retém o movimento, a dissolução, o encontro
com outra coisa, o seu ser já outra coisa. Retém do que digo certa luz,
a certo ângulo, certo riso cheio de criança, de toda a minha poesia quero só
uma mão a escorrer areia, uma janela sempre aberta com muitas plantas no seu
parapeito e um bebedouro de pássaros, de tudo que eu digo retém uma menina
(em frente disso tudo) que escreve a giz no chão entre desenhos de barcos e raios:
Meu deus és feito de puro sol, de sol teus olhos, de sol o mar.
Retém a sua cara por entre a luz
Põe a mão no peito
Este é um começo.

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