Os poemas apanham-se como doenças
mas curam
assim que chegam à base
da existência (O’Neill
tomando banho após quebrar
o gelo). Lá, onde palavra
nenhuma existe, apenas
a tentativa do som.
É sobre o asfalto que tudo existe – e contra
o esquecimento. Mesmo o primeiro poema
sobre a pedra escrito e apagado; o primeiro,
esquecido por todos, causa última
de tanta literatura e interpretação. Lá, onde
a memória já se confunde com a imaginação.
Lá, onde se pode morrer de morte irreal,
lá, onde se pode acreditar:
o pai de Kate fazia nevar
dentro de um livro.
Inês Fonseca Santos, in Meditações
sobre o fim: os últimos poemas, Lisboa, Hariemuj, 2012.
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