quarta-feira, 12 de março de 2014

Isabel de Sá: Conclusão

Fui amante da morte 
e da beleza. Vi a loucura,
acreditei na vida.
Da infância falei
como lugar de abismo.
O prazer
foi também a grande fonte
de perturbação e alegria.
Lembrei as mulheres
que recusaram submeter-se,
escrevi palavras fúnebres.

Não poupei a adolescência,
o coração magoado
e não soube que fazer
de mim fora das palavras.
Escrevi para desistir
e depender
e ter identidade.

 Isabel de Sá,  Erosão de Sentimentos, Lisboa, Caminho, 1997.

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