2.
que farás com o
medo quando a pecha de roeres as unhas te transformar num animal canhoto,
contemplativo de trinta anos menos ainda com sono e uma cabra determinada a
lamber os nomes inteiros negados pelos teus dedos de unha grande a açambarcar
o poeta que devagar desce a escada de um degrau único? um quinto andar de
tortura na memória individual da dor.
que farás com o
medo quando a língua se retorcer na boca e a palavra for um rasto de sangue
vivo, muito vivo na jaula do arroz-doce da tua cozinha francesa?
Maria Quintans, A pata da cabra, Lisboa, Cama de Gato,
2014.
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