- Mesmo que não
o quisesses – disse-lhe -, há toda uma série de pequenas amizades particulares
entre o teu pescoço e a minha boca, entre as tuas orelhas e o meu bigode, entre
as tuas mãos e as minhas mãos. Estou seguro de que não se acabariam se nos deixássemos
de amar, do mesmo modo que desde que estou chateado com a minha prima Paule não
posso impedir que o meu criado vá falar com a sua donzela todas as tardes. A
minha boca vai ao teu pescoço por ela mesma, sem o meu consentimento.
Marcel Proust, O fim dos ciúmes, in O indiferente e
outros relatos.
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