quinta-feira, 6 de março de 2014

José Tolentino Mendonça: A Estrada Branca

Atravessei contigo a minuciosa tarde 
deste-me a tua mão, a vida parecia
difícil de estabelecer acima do muro alto

folhas tremiam
ao invisível peso mais forte

Podia morrer por uma só dessas coisas
que trazemos sem que possam ser ditas:
astros cruzam-se numa velocidade que apavora
inamovíveis glaciares por fim se deslocam
e na única forma que tem de acompanhar-te
o meu coração bate

José Tolentino Mendonça, A Estrada Branca, Lisboa, Assírio & Alvim, 2005.

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