sábado, 3 de setembro de 2011

Carlos Vinagre

hortênsia


ante os peixes
um oceano de algas

a varanda transplanta o cosmos
na vaporização

viver o antes pelo ziguezague
nos maxilares do sonho
a vigília

o caldeirão mágico

há também a libélula e o fosso
e os feixes lilases na boca
e o caminho

-enforca-se o tempo -

e a antecâmara
e a noite inibitória das escamas
e o cobre da alma?

ante-a-noite o louva-a-deus
e o granizo e a virgindade do mundo
e o púbere campo da amnésia

- olha-se o fígado-

o vislumbre das sereias
a roda nupcial dos precipícios
os leilões de carne pela superfície do ininterrupto
bolor do sangue

- cai uma tempestade pelo nenhures -

a boneca invisível goteja a boca
e estica a língua ante o crepúsculo das mãos
e o abrir da água pelo esperma

não esperemos o feedback das cidades
basta a omofagia da ranhura
e um pouco de infância pelas colinas

fechemos os olhos e aguardemos o interruptor da luz

- as algas da tribo

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