Teoria da Narrativa Familiar
Naquele tempo o meu pai trabalhava
por turnos
como herói socialista
no sector siderúrgico
e dormia com a minhamãe.
A minha mãe esfregava
a sarja encardida:
a água ficava da cor da ferrugem.
Havia, por perto, um cão
esgalgado,
sempre a rondar.
Depois a minha irmã nasceu
e eu fui obrigado
a rever a minha mitologia privada do caos.
Entre uma coisa e outra
aprendia mentir.
E isso, não sei se sabem, mudou tudo.
Luís Filipe Parrado, criatura n.º 3, p. 119, Abril de 2009.
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