sábado, 3 de setembro de 2011

Luís Filipe Parrado

Teoria da Narrativa Familiar


Naquele tempo o meu pai trabalhava

por turnos

como herói socialista

no sector siderúrgico

e dormia com a minhamãe.

A minha mãe esfregava

a sarja encardida:

a água ficava da cor da ferrugem.

Havia, por perto, um cão

esgalgado,

sempre a rondar.

Depois a minha irmã nasceu

e eu fui obrigado

a rever a minha mitologia privada do caos.

Entre uma coisa e outra

aprendia mentir.

E isso, não sei se sabem, mudou tudo.


Luís Filipe Parrado, criatura n.º 3, p. 119, Abril de 2009.

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