quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Andreia C. Faria


Houve ainda gente na intersecção houve
quem viesse e se erguesse
em penumbras e paredes para lhe decifrar
a mais funda verdade -
chamava-se Estar só.
Ou não fosse
estar só já tão seu para ser nomeado
´Star só
um nome em sobressalto duas
sílabas e uma elipse
caminhando-a na noite


Mas houve gente fluindo do mar
subiram os gatos e com eles
as gaivotas
tão cruéis que para haver
crueldade era preciso quem visse


(Foi no remanso do verão como quem
regressa de viagem e não
sabe a qual porta bater
Os grilos trilhavam caminhos e as alfaces
cresciam na proximidade da lua
Era cidade, mas dos gatos nasciam quintais
na lentidão de o tempo os não encontrar
Eram os gatos o oposto do granito,
o quão frágil é tudo que é eterno!
Os gatos rodearam duas mulheres
de uma vaidade a que se chama
família)


Andreia C. Faria, De Haver relento, Cosmorama.


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