segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

João Miguel Fernandes Jorge



29

Depois de ter falado toda a manhã
com um estranho acerca daquela anónima
cabeça de rapaz do século dezasseis

sinto que é de matéria breve que
tenho composto todos os meus objectos
todos ordenados à vida e sem aquela

alegria que devemos encontrar
no que tentamos reduzir ao tempo.
Uma só hora daquela cabeça não
caberia em toda a manhã

porque ela é lisa como vidro
e nenhuma dissertação de arte
a poderá tornar densa e as suas ideias
essas somos nós que

as fabricamos.

João Miguel Fernandes Jorge, Obra Poética Vol. I.

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