AS COISAS INANIMADAS
Os meus dedos morrem muitas vezes.
Começa pelas pontas e, de minuto em minuto,
pequenos insectos descem à palma da mão.
Como o exército de um país em guerra,
avisam ser possível – até aceitável – desaprender
o teu nome. Insisto
em escrevê-lo. De minuto em minuto,
os dedos são os meus, os teus,
outros no fecho dos caixões e
mais: aqueles com que fumas
as coisas inanimadas.
Se é isto a morte?
Tenho poucas dúvidas
e ainda a impossibilidade
e o tempo
de as anotar.
Inês Fonseca Santos, As Coisas, Abysmo, 2012.
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