segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Manuel Cruz

Um Crime À Minha Porta

Vim da rua de matar alguém,
E foi assim que eu matei por bem.
As razões:
Não há razões!
É que eu não tenho mais amor pra dar,
E a ninguém!
Quero não amar p'ra não cair,
Não vou dar,
E não vou ter,
A mesma forma de estar.
Tudo bem vá durar um dia,
Faça agora tudo o que eu fizer.
Quero estar voar e só contigo,
Mas só enquanto eu quiser.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Vim da rua de matar alguém,
Agora espero o sol.
Agora espero só.
Quem não dá para ter quem não dá,
Pra dar um brilho ao ego,
E ter assim o cheiro do que um dia,
Seria,
O nosso dia,
Daquilo que eu faria.
Agora sinto a dor,
Agora sinto a dor.
Por quem matei por ter feito amor.
Qual dor.
Eu só faço o que eu quero.
Eu não penso em ninguém,
Por pensar.
Meu nome é partir,
E voltar,
E tudo por quem?
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Levo-me ao inverno,
Pela mão da minha culpa,
Tenho a força para ser mais forte,
E roubo-te a desculpa.
Eis a preocupação,
Com uma qualquer situação anormal.
É triste o fim ser igual,
Para nós.
Estar nas nossas mãos,
O evitar simples,
Da dor.
E qualquer dia me traz,
Até mim.
Qual a minha culpa qual,
A sentença?
Da lição não tiro nada,
Mas que o crime só compensa.
E se eu matar,
Logo pela madrugada?
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Eu não sou normal.
Eu não quero ser igual.
Isso é virar um homem,
Que eu não sou.
(Sou) ouro em teu olhar.
Serei o pai do teu prazer até ao dia,
Em que o amor for para nós:
A ultima fatia.
E se o trago é difícil,
E a veia entope,
Só nos resta a nós os dois:
A hemorragia.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar.
Sobre esta forma de amar,
Vai de uma forma de estar

Manuel Cruz


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