segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Sylvia Beirute
cidade-rapaz
quero viver contigo
numa cidade-rapaz
e jantar num restaurante situado no ombro
talvez mais tarde um passeio pelo peito
esconder-me contigo na floresta do peito
oh mas nunca conhecer
esse rapaz que é cidade
nem o seu coração que bate como trovoada
a sua insanidade saudável
mas no final do dia
quero deitar-me contigo
ouvindo a sua respiração suave
{entrando na sua respiração aí suave}
e falar para esta cidade
em forma de corpo indecente
esperando suas reacções mais espontâneas
seus sonhos mais nefastos
e quando a cidade acordar
fingir-nos-emos
mitológicos como a dissolução
dos cúmplices
e viveremos atrás dos olhos
num interstício da alma.
Sylvia Beirute
retirado daqui
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