sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Marco Dias


Respiração de prata

És fingimento e lamento,
és fugaz ou és eterno,
verso amado, sofrido,
palavra que ondula na canção,
espírito indeciso,
corpo impopular.
Quem sabe se tens razão?
Respiração de prata
que embala a quadra
e geometriza a rima,
presumível inocência
assumida mea culpa,
palpite venal,
lugar comum doloroso.
A dita contemplação...
Uma barragem arterial.

Tens dono?

Se me souberes responder,
poema,

ser-te-ei grato.

Mesmo que escrevas:
a poesia não rima com a vida.


Marco Dias, Lado Negro, 2011.

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