segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

José Carlos Barros


Uma fotografia

Muitos anos depois, muitos mais
do que na verdade foram, vês a fotografia
por acaso ao folhear um livro.
Era o começo do Verão. Ela
está sentada no muro do tanque
e segura nas mãos uma garrafa de cerveja.

A memória não devolve
unicamente os factos, os esbatidos
limites das imagens: agora compreendes
que tudo era diferente
do que está nos retratos.

É certo que um flash
apenas regista o tempo coevo do disparo.
Mas dispara para além dele
em direcção ao futuro.

                                                                      José Carlos Barros, Criatura nº 1.


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