segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Valter Hugo Mãe

para vos engordar de alma

vender a alma
como madeira a encandescer
ou euforia pela transparência

parirei todos os filhos
como feixes de luz, saberei
saciá-los de almas, farei
o ruído da noite
para que imperem como um
sopro até que venhas,
ateado sobre nós

...

áspero o fio das
árvores ao longo da
encosta, predominam veios
fugazes, sangue da luz
como cadáveres de sol

desço lento sei que o
tempo é a fome que
deus tem

e sei que um dia
deus virá e entrará,
como se
me entrasse pelo cu adentro

eu a voar pelos pássaros
para os amanhecer


Valter Hugo Mãe, Útero, Quasi, 2003.



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